quinta-feira, 17 de dezembro de 2009



Sou vento

Alguns falam de amor outros de dor; dizendo quão sofredor,
Alguns se decidem entre ser paisagem vaca ou boi,
Outros sofrem pelo o que foi,
Clamam pela justiça a dor do trabalhador
Falam de sexo ou de flor
Homenageiam o corruptor
Ou em subliminar atacam o ditador
Não canto como querem que cante,
Não pinto como querem que pinte
Não danço como querem que dance
Não sou paisagem e nem faço parte
Nem sei o que é arte
Não sou luz nem trevas,
Não sou neutro e não sou nada, sou vento.

Sou canto

Canto um canto onde sou canto,
Canto de tua boca e manto que te acolhe,
Canto dos pássaros,
Abafados pelos sons dos tratores atarefados.
Canto dos becos, onde se encontram os amores,
Hoje espantados pelos infratores.
Canto aonde canta a antiga história,
Onde agora é velha e fica ao canto da memória.
Canto aonde a criança esquecida chora.
Canto que não sou, é canto de guerra e vitória;
Canto que armas cantam glória.

Marcelo Felipeti



Fotografia William Henry Fox Talbot