sábado, 19 de novembro de 2011

As sombras revelam-se depravadas,


Insinuativas movimentando-se como um chamado secreto,


Convite pederasta, seduz homens de família,


Que nas sombras produzem um gozo obstruoso, imoral,


Castigado, ao relume dos tribunais da retina, vestem-se , encasulam-se . Sombras de Dionísio, mas a carne é de Apolo, mascara do clarão, que as sombras calam-se, e guardam seu gozo escuro, a boca, num banheiro publico.

Preparei um chá de maçã e canela para acompanhar-me, a chuva está constante, incessante, abundante. Pus aceso um incenso e jasmins para misturar-se ao perfume da chuva. A musica é composta pelo tilintar do carteiro do vento e os gotejos.


A cidade inteira está mergulhada em sua atmosfera, úmida, melhor ainda sentem, aqueles que como eu, estão sentados de fronte a uma janela, bebericando uma bebida quente, e registrando-a, em devaneios tatuados por uma velha maquina de escrever.


Mistura-me um sabor de tédio calmo, com o primeiro trago de ar pós ondas tempestuosas, e a tristeza abtual.


Estou só, eu , o papel, a chuva, a maquina velha, o chá, a janela, a paisagem e os pesares. Estando só , é que percebo que estou completo, quando minha solidão invade, estando só , colore todo o ambiente, com meus tons. Em meio a multidões, não passam de uma solidão amontoada, um borrão de tintas desamorniosas, conflitantes.


Hoje não acordei pensando na morte, acordei pensando em sonhos , os que uma onda fria de realidade os apagaram no tempo, sinto saudades do sabor da inocência.


Porém, se ainda me permito estar vivo, é que tenho sonhos, se tenho sonhos, tenho inocência, e se tenho inocência, ainda existem ondas frias.


De repente me sobe uma agonia de levantar e viver, de para de escrever, de levantar e correr para um boteco mais próximo, ao encontro de um amigo lógico, mas não parei de escrever, talvez seja isso aqui que me é viver.

O bufo quente bufa a fera, bufo estupefacto de teu erebo, réptil viscoso sutilmente serpenteia contornando a tela e essa idéia.



O sol toma tento e queima os sentimentos esturricados,



Não, não, murmurados , rangendo dos pulmões.



Que essa reza fuja das prisões, que essa tinta escorra, a tela dum sonho tosco.



Buscam os céus a carne fresca, numa ciranda grotesca, VERTIGEM, VERTIGEM, a dor atinge a calma da desesperança, LAVA, derrama e lava, lava a água que sai da alma, molha o painel que os músculos da maquina não obedecem mais.



Jazida nestas terras, quem vai pagar? Quanto é pra parcelar?



É brincadeira de criança moderna? Agonizar na terra? Agonizar na terra?



É ela e a fera, areia, calango, serpente, o sol, alguém na garganta inexistente pra clamar. Que poderia ser daquele onde não tem espaço para sonhar, papel para datilografar o vazio de tua mula manca.



O mais próximo contato com Deuses, dos pilares de concreto estéril, é ,Madame, Madame De Lá, entrevistadeira que estrevistô a gente da farofada de cá, figura esguia, tripa leitosa que se não fosse chic seria uma judiação pomposa.



A boneca frouxa de carne roxa da palha pendente do bucho onde os urubus faz lambuzo, afogou um grito em sangue, ecoou no espaço. Zé ria que essa menina queria que queria ser redatora, queria por que queria pobre Maria. Foi caraminhola que Madame de lá trouxe pra cá ele dizia.



De repente, um cheiro do passado, no ato do enquadro, é o leite azedo desmamado, a cachaça e o cigarro do engendro desgraçado, o qual a vendeu por uns trocados.



Mas quem sabe no lado de lá, a menina num vá conhecer o mar.



O urubu lá no alto, o qual é o primeiro a mordiscar? É o do sistema que quer carne sofrida para a engrenagem funcionar, farofada de tutano de cidadão fulano é o prato fino zé, você ta ai zé? Zé ta no prato, né zé.



Ninguém quer lavar o rosto de verdade,


Estão maquiados de vaidades,


Ninguém quer lavar as mãos em verdades,


Estão atados em vaidades,


Ninguém quer tocar a verdade,


Tem nojo do que sai ao orifício,


Ninguém quer a liberdade,


É mais fácil zelar a engrenagem,


A forma está feita! Dizem os ventríloquos.


Produzam! Gritam os bonecos.


Seu espaço está traçado, dizem os Deuses,


E os homens giram incansáveis em sua redoma,


Girando , girando, nem sentem o sintoma,


Da cegueira humana que o diabo doma.



Beijo passaporte




No momento que tu me beijaste,


Aquele além que me consumiste,


No ato de um sonho que surgiste,


O qual um Deus o que eu mataste,


Vi teu vomito de escárnio que lhe jorraste,


De um filho que nos consumiste,


Por nós pais que lhe outorgaste,


O poder de que nos condenastes.


No ato do beijo que me apunhalaste,


Criei um mundo o qual quis que me jogasse,


Cai de pronto em mente o refugio que eu criaste,


E é daqui que sou Deus.


Pinceladas no além eu causaste,


Fantásticas cores seja aonde quer que eu passe.

A lucidez que teus beijos me roubaste.



Beije os lábios da cidade em choque de fios e para raios e observe, veja a sujeira que vem, estranho reflexo em meus olhos, ela me fez parte, grudou em minha nuca e me sentou junto a ela em minha sala de estar, cometeu seu crime, incriminou-me, pago-os sequelado de horror, tenho os trejeitos do medo, da vaidade, o do desejo negado, desejo cuspir teus beijos, estuprou-me ausente de verdade, ouvi um jazz triste, um porco que ria e ria e engasgava com a fumaça. E senti toda essa desgraça, largado em uma praça.