terça-feira, 16 de agosto de 2011

Das plantas que plantei,

Das que vingaram,

Os frutos e flores eram venenos intoxicantes,

Logo definharam, o veneno e a febre se espalharam,

Das outras que plantei,

Nunca as encontrei, o amor, que flor rara.

Que tanto reguei,

Logo esqueci-me, e de sonhar com flores,

Logo definhei-me também.

Por criar-me em fantasias,

Nem mal, nem bem . nem criança nem louco,

Por auto aprisionar-me obstruoso,

Lodoso, macilento, modorrento.

Aos olhos do povoado, medieval,

Que ao bosque abrumado, evitam-no assustados,

Mas se o jovem empertigado decide enfrenta-lo,

Entra ali a apouco e logo sente-se entediado,

“Apenas galhos , ventos e pios”

Se invés um indiozinho desavisado,

De meus galhos faria uma cupular oca,

E com o tempo falaria a língua dos pássaros,

E do vento entenderia o tempo.

Por tratar-se de mim, que importa meu tempo?

Que importa meu vento? Que importa meus galhos?

Por criar-me em fantasia, que me vou pungente,

Vivendo junto a essa gente angustiosa,

Nestas terras ínfimas.

Minha atmosfera nauseante,

De sombras, ácaros e velharias,

Ah! Essa minha voz irritante,

O que diria deste meu jeito repugnante?

Sempre disposto a uma carraspana,

Insalubre, macilento,

Nódoas por todo meu peito

Que urra dores por qualquer papel,

Todos os santos temem a mim,

A minha descrença,

Toda a família despreza-me,

Por meu igual desprezo a pragmática,

Me encaixo tão bem a decadência,

Afinal, o que seria a decadência meu senhor augustissimo?