Das plantas que plantei,
Das que vingaram,
Os frutos e flores eram venenos intoxicantes,
Logo definharam, o veneno e a febre se espalharam,
Das outras que plantei,
Nunca as encontrei, o amor, que flor rara.
Que tanto reguei,
Logo esqueci-me, e de sonhar com flores,
Logo definhei-me também.
Por criar-me em fantasias,
Nem mal, nem bem . nem criança nem louco,
Por auto aprisionar-me obstruoso,
Lodoso, macilento, modorrento.
Aos olhos do povoado, medieval,
Que ao bosque abrumado, evitam-no assustados,
Mas se o jovem empertigado decide enfrenta-lo,
Entra ali a apouco e logo sente-se entediado,
“Apenas galhos , ventos e pios”
Se invés um indiozinho desavisado,
De meus galhos faria uma cupular oca,
E com o tempo falaria a língua dos pássaros,
E do vento entenderia o tempo.
Por tratar-se de mim, que importa meu tempo?
Que importa meu vento? Que importa meus galhos?
Por criar-me em fantasia, que me vou pungente,
Vivendo junto a essa gente angustiosa,
Nestas terras ínfimas.
Minha atmosfera nauseante,
De sombras, ácaros e velharias,
Ah! Essa minha voz irritante,
O que diria deste meu jeito repugnante?
Sempre disposto a uma carraspana,
Insalubre, macilento,
Nódoas por todo meu peito
Que urra dores por qualquer papel,
Todos os santos temem a mim,
A minha descrença,
Toda a família despreza-me,
Por meu igual desprezo a pragmática,
Me encaixo tão bem a decadência,
Afinal, o que seria a decadência meu senhor augustissimo?