quinta-feira, 4 de março de 2010

O dia está num sopro embriagado, a noite em delírios de um musical, oh meu pequeno, você sabes que sou ar e ar só pesa se não deixar ser livre, mas não tema, estarei durante a noite quando sentir o vento frio, não tema...
Me perdi em minha arte, meu pequeno, você ainda pode me ler em imagens abstratas, e sempre que quiseres do meu corpo, usufruiri-lhe-a , e sabes bem que em minhas fantasias um louco lunático ainda sóbrio se tudo bem for cinematográfico, minha pequena lucidez, não tema, você é forte o suficiente para que minhas extravagâncias não me domine, não tema.

Fotografia e texto: Marcelo felipeti j

Pela manhã

“Mais uma manhã, levanto-me estremunhado, e quando me dou conta do que era um sonho e de que tenho um dia de “vida” estrépida, e de fato real, sussurro rotineiramente; inferno de vida. Levanto-me procurando o lado direito da cama, para que meu dia seja menos pior, a cidade já está acordada, os carros passam barulhentos e o sol grita ao asfalto. Ao jardim, um pequeno gatinho passa felino entre as flores e é nisso que tento me apegar durante as manhãs, o café logo me desperta, e agora o que quero é apenas a companhia de um silencioso e acolhedor cigarro.
Pode parecer um tanto estranho, mas quando pequeno lembro de despertar e me sentir puro, tão puro que deveria acordar e fazer algo ruim, hoje desperto e... me sentindo um peso. Apático, me sento em frente a maquina de escrever, e ali fico, durante algum tempo, num intermediário de pensando ou mesmo nada na cabeça sem saber o que fazer, eis uma pergunta constante em minha cabeça, o que fazer? O que fazer de meus amigos o que fazer da minha vida o que fazer naquele momento ou o que fazer em relação a qualquer coisa, o que fazer?. Observo o bico de pena e o tinteiro, um desenho? Observo o maquina de escrever, um texto? Observo o guarda roupas, fotografias? Um filme um livro. E tenho tempo... tenho tempo para distrações? Afinal o que tenho, não sei se de fato tenho alguma coisa.


Engendrada então tua cuspida arte, em dor e nódoa um corpo se faz tela para a mais bela sordidez derramar-se, ávido por se fazer real em teu mundo irreal, devasso ser tumefacto de pungentes medos, muros e dores.

Marcelo felipeti