sexta-feira, 20 de janeiro de 2012

Sopro de nevoas estrelares, véu de profundos mares-sonhos, aurora diáfano do sol inocente, valsinha de atos incoerentes, traz a tona deste mundo obstruoso, uma voz grave e atraente, dos olhos incandescentes, enternecidamente astutos atentos, nos gestos calmamente desliza, plana suavemente, felino em teus passos, leves, lorde inglês em tua postura esbelta, águia rapina em teu olhar feroz, dos lábios vermelhos intumescidos de seu mel, surge um sorriso inexorável e fiel, a certeza a qual me move me faz certo sem exitar, lírico, moderado, dando espaço aos seus atos improvisados, vampiro do tempo e das artes, flauta dos campos franceses, violino dos palácios ingleses, bandolins dos becos catalães, harpa dos elfos irlandeses, amor das noites de esplendor,. A cama da lua lhe sustenta, quando minhas pálpebras não se sustentam mais. Belo acolhedor, pós dia de vulgar despertar, e ao amanhecer retorno, onde amar é sofrer, e viver é morrer, vestem-se pela manhã, de escudos e muros, e bebericam vulgar desgraça. Sorriso petrificado em suas maçãs, em condição de escravos da linha do tempo, do abismo divino, do racionalismo-iniquo-maquiavelico, da brutalidade expansionista de cimento fosco, na ferida do roxo do ventre de verde desfeito em larvas e dor.

Aos Deuses demônios alados, à ira dos céus e da terra,

Aos Reis, o Deus na terra, a guerra santificada,

Ao ouro, pepita da glória, à gloria o esplendor da múmia.

Ao santos, santificado seja o poder, aqui em minhas terras em minha ordem, a vaidade do topo da luz, brilho feroz, sepulta, degola, atroz.

À clareza da mão real, e o estourar dos tendões negros do animal, ao roxo das garganta da bruxa do leste, à carne em chamas das bruxas do oeste, mães, parteiras, curandeiras.

Ao fogo, pólvora, estopim, aos gritos e porquês já que foram fieis sim, à mentira, e o riso, de quem sabe, e o pranto, nada comem, e o riso, dos que fazem, e pranto, nada sabem, e o riso, dos que mandam, e o pranto, nada fazem, e o riso dos que gozam, a dor dos que pranteiam.

Ao capital: as maquinas, ao capital: o alimento: ao capital: as marcas: ao capital a cura: ao capital: a terra: ao capital: o sangue: ao capital: a guerra: ao capital: o homem.

À terra: o sangue: à terra: os esgotos: à terra: buracos: à terra: os aranhásseis, à terra: o petróleo, à terra: o urânio, à terra, não à mais terra.

À historia, o espanto, a boca caída, o estomago acido, o peito oco, os olhos um roxo, um posição, a fetal, lagrimas, pânico, a insustentável verdade do ser, lagrimas, vergonha, de ser humano, ser homem, descendente, vergonha..

Chorei de vergonha, vomitei de indignação, para não me internarem, disse que era uma atuação, para não esquecerem, transformei tudo em canção.

O Gato vira-latas e o Leal real

Da umidade do vento da chuva, nasceu um novo fruto de doce carinho, néctar, lábios,
E caroço amargo e duro. Minhas mãos, lábios, olhos, mente, coração, entranhas, estão em cima de um muro, nas garras nos dentes de um leão altivo e maduro. Pedaços de mim ora ou outra pulam o muro, carregados por esse leão altivo e maduro. Vago do outro lado do muro, despedaçado, inseguro, observo distante a cúspide de seu castelo do outro lado do muro.
E repentinamente, ladino em obstruosidade de lá para cá pula o muro, traz-me seu fruto doce, lábios, néctar, maduro, acolhe-me em sua juba um gatinho moribundo. No soar das trombetas da realeza, num pulo, retorna, apenas me resta um caroço amargo e duro.


31/12/1011