terça-feira, 29 de junho de 2010

craquelados

Em tom de desgraça o sapato e a fumaça o palpite e a cachaça te veste em trapaça e vem sem graça onde passa sem raça, para numa praça, teu buraco a vida palhaça te escorraça, só se é caça. “meu bom amigo” diz alguém que outrora era de sangue, e em sangue agora vê o urubu que carniça sua cachaça e tua fumaça, mendiga sua traça por mais desgraça.
Se vê o velho amigo de raça sem ser caça bem que passa,
Se vê a ricaça pela vidraça magra que passa como a palhaça louca desgraça nova magra sem face sem nome sem nada.
Se vê o político que fala sereno, boêmio, na tv do botequim do seu Joaquim, corvo de terno preto arregaça a maga para sua presa , estraçalhar sem se enganar.
Se vê Maria na pia, esfola as mão em ácidas lagrimas de saudade,
Se vê a puta que a carne oferece culpada por maltratada se vê empinada para que o cuspe da noite não atinja a alma já ferida,
E o inferno coletivo passa carregado de palhaços cansados que lutam por seguir seu caminho traçado por corvos,
De lata não se faz mas o futebol, mas para agressivas feridas se faz subterfúgio de uma criança rica em ódio e calos.
De pão se faz veneno, o leite azedo da mãe de filho órfão, servem-se homens solitários, e o mel nos atrai como formigas à uma armadilha de tem quem diga que é a vida.

Subterrâneos terrestres, lamacentos craquelados de viva terra ou morta fumaça cheia de desgraça, olhos negros decaídos e famintos, teus pés descalços vaga sombrio pela terra ardente ou asfalto quente, teu corpo suga calor de um chão frio e seu amor foi-se num papel na beira do rio, senil olhos mortos num passado não menos doloroso mas saudoso por achar vida poesia, e lixo fantasia. Mamãe já não se ouvia, num céu nublado talvez sorria, mas teu sangue ainda escorria numa parede de fantasia, luzes perfurando a escuridão, “ainda me lembro logo ali ela ao chão.”
Sangue de família humilde que ao chão seca, não vinga, nem erva daninha, semente que nem andorinha ah de comer, semblante sórdido de um Brasil que, devora a carne já alto consumida pela fome nada gentil.

Texto e Fotografia: Marcelo Felipeti J

domingo, 27 de junho de 2010

Cólera


Sentei-me ao lado, deste, daquele, talvez um que optou pelo o que não optei, pensou o que estou pensando, mas agora quem são eles? Para onde passos e cruzados, mortos talvez, mas indiferentes sentados ao nosso lado.
Uma angustia incessante atordoa a mente e logo tudo se vê escarlate, vozes, um suspiro, um nó, um olhar um espelho e raios e fumaça, no fim um zumbido que acompanha essa dor que, também lhe atinge através dum punhal, adeus.
Cuspindo um veneno que soa nas entranhas, não o vejo, nada mais vejo, apenas quero ódio sei ser mostro, adeus.
Por que olhaste tal semblante com desprezo, fodeu-me em nu artístico uma suplica de teu semblante estraçalhado refletido em meus olhos túmidos de angustia.
Grita tão alto quanto o pulso que, jorra teu sangue escorrendo pelas curvas de teu corpo, está bem você foi ainda mais cruel.
Para onde teto, chão, cão selvagem és mal alimentado de espírito meu amor pede dor de amar dor e ser dor por dor.
Não suplico, nem indico mais um olhar, tenho tuas penas em meus lábios e as minhas asas queimam agora sem poder voar.
Colérico colore-me um céu vermelho, logo se torna cinza e me diga, para onde?
Sofra essa vida de sofrer por sofrer, dor por doer e ser por ser, nascer para morrer.
Texto e Fotografia: Marcelo Felipeti J

quarta-feira, 23 de junho de 2010


Famélico

Inefável estupor, adormece-me a mente,
E um véu me cobre o que se sente,
Sotoposto num érebo,
Tal ensejo doravante terei olhos por mais asas,
Famélico, quero devorar vida por vida criar, e ser vida,
Por ossos que contundiam e desprotegem meu céu,
Já tão nublado coração,
Cores em nevoas me colorem uma paisagem de um sonho,
Folhas de outono umedecem ao cair,
Teu suor, teu mel, meu sonho, um sonho?
Ou nódoas...De tudo que sangra por aqui,
Lutaram, equivocaram-se neste equivoco, por desluzir todo este azul,
Me encontro desencontrando-me , num mundo de desencontros,
Passo a passo devoro vidas, quero amor,
Passo a passo devoro assas, quero voar.


Ilustração & Texto : Marcelo Felipeti J

sábado, 19 de junho de 2010

Valete&Maraclea O Crânio de Sidon


Dama Maraclea, amada por um templário, um senhor de Sidon;
Tiveram sua historia interrompida pela morte súbita da ainda jovem Maraclea,
Na noite de seu enterro, seu amado arrastou-se até seu leito de morte, desenterrou-a, e debruçado sobre o peito frio e sem vida, a beijava, e em fim fez amor com tua ainda então virgem amada. Após seu ato de amor e dor mergulhados numa atmosfera fúnebre , uma voz, como se o vento doce de morte que sopra entre os túmulos pronuncia-se. “Voltar-te-á aqui junto de sua amada, pós nove meses, pois tua amada lhe dará um fruto desse vosso amor”. Ele obedeceu e, na exata data retornou, abriu novamente a tumba e, o crânio de Maraclea se encontrava entre os ossos da perna formando uma cruz. A mesma voz como um sopro, pronunciou; "Guardes bem isto, pois em doador de todas as coisas boas. " Então, ele a carregou consigo. Ela tornou-se seu gênio protetor, ele podia vencer seus inimigos estando consigo o crânio.
No devido tempo, ela tornou-se possessão da Ordem dos templários.
Esse senhor é representado pela carta valete de espadas.Um tempo a traz quando essa história ainda fresca em minha cabeça me dava assas para divagar sobre tal assunto, achei uma carta de baralho entre um livro, achei essa única carta do baralho todo, era um valete de espadas, e consigo está Maraclea...É uma carta já bastante velha, meu avô tinha uma loja de antiguidades, e quando a fechou levou consigo algumas coisas.

sexta-feira, 18 de junho de 2010

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Gonzaguinha
Pequena Memória Para Um Tempo Sem Memória

Memória de um tempo onde lutarPor seu direito
É um defeito que mata
São tantas lutas inglórias
São histórias que a história
Qualquer dia contará
De obscuros personagens
As passagens,as coragensSão sementes espalhadas nesse chão
De Juvenais e de Raimundos
Tantos Júlios de Santana
Uma crença num enorme coração
Dos humilhados e ofendidos
Explorados e oprimidos
Que tentaram encontrar a solução
São cruzes sem nomes, sem corpos, sem datas
Memória de um tempo onde lutar por seu direito
É um defeito que mata
E tantos são os homens por debaixo das manchetes
São braços esquecidos que fizeram os heróis
São forças, são suores que levantam as vedetes
Do teatro de revistas, que é o país de todos nós
São vozes que negaram liberdade concedida
Pois ela é bem mais sangue
Ela é bem mais vida
São vidas que alimentam nosso fogo da esperança
O grito da batalha Quem espera, nunca alcança
Ê ê, quando o Sol nascer
É que eu quero ver quem se lembrará
Ê ê, quando amanhecer
É que eu quero ver quem recordará
Ê ê, não quero esquecer Essa legião que se entregou por um novo dia
Ê eu quero é cantar essa mão tão calejada
Que nos deu tanta alegria
E vamos à luta.

Dama Crepuscular

Ofegante, de olhos semi-serrados... Suores de volúpias ou de morte, move-se como um polvo convulso, olhos de medusa queres me penetrar dizendo-me “Mistério se esconde, pois tem olhos tímidos e dentes afiados, mas na verdade, gosta de brincar.”
Um sopro emudece o tempo e o movimento torna-se lento, teu veneno vai me consumindo, o crepúsculo vai abrindo portas que apenas teus olhos me permitem entrar. Teceram o véu, maligno que nos atordoa, um véu que nos cobre e nos cospe a cara dizendo-nos mito, mas ainda sinto teu olhar sobre mim, e ouço teus gritos abafados pelas paredes de meu peito, e esse teu veneno
benigno, ainda me consome, ao menos.



















Texto & Ilustração : Marcelo Felipeti J




sábado, 12 de junho de 2010

Meu livro de poesias, 2º & 3º pg

Suas paginas amarelas escondem balelas de um coração de aquarela.

sexta-feira, 4 de junho de 2010

Nem em sonhos sei voar, Seria uma representação da minha falta de esperança talvez... Sem assas... Manco, sem esperanças, fugindo e lutando contra algo que me atormenta e me persegue mesmo em sonhos, traição, ódio, amor por algo que me quer torturado, não sei o que é todo esse sangue espalhado, não sei o que é esse lugar escuro que me encontro desde tempos imemoráveis, não consigo gritar e não tenho ar, e só me livro quando decido te matar, mas não posso negar que queria apenas te amar, eu ferido, casado de ser perseguido, tenho em meus braços teu corpo derramado em sangue , um sangue frio mas que mesmo assim aquece meu peito, terei sempre que te matar? Vocês sempre estarão fugindo ou me perseguindo e bestas mugindo e grunhindo aplaudem da escuridão toda essa minha aflição.
Texto: Marcelo Felipeti J
Ilustração:takato yamamoto

quarta-feira, 2 de junho de 2010





Toca de coruja


Esse sopro fraco de imagens foscas e cores opacas
Esses sorrisos fotográficos e olhos estáticos
Esse cheiro, um perfume, um sabor,
Que vem e que passa e logo desperta;
Uma traça? Que coroe,
Uma realidade já incerta,
Vivi e vi viver ou sonhei com este amanhecer?
Já não me lembro,
Se foi setembro ou outubro,
Me desiludo, não volta mais.
Mas se fui capas de passar horas e horas
Naquela aurora já varrida,
Entre espaços sem associar tempo ou laços,
E nem enxergar feridas,
Apenas ouvindo o canto dos pássaros,
E imaginando o que pode existir além do espaço,
E se no escuro de uma toca de coruja,
Existe um castelo onde todo reino é belo,
Então assim sendo, morrerei sonhando com este castelo.

Marcelo Felipeti J