quarta-feira, 17 de novembro de 2010

Criança-corvo


Seduz-me a forma de uma vida sem formas, livremente coração, fogo, ar, e tudo que se faz mutável, inconstante, idéias paradoxalmente não lógicas, uma nova estrutura pode ser desenhada por minha leveza, sabendo disso torno-me um tanto pesado... Cotidiano muito bem vertebrado, de uma coluna extensamente reta que acabará por primeiro rabo depois cova de algo falsamente versátil de uma sociedade falsamente feliz, levam-me junto... Obviamente, sinto falta de compreensão mútua, mas como tal apedrejado por peculiaridades a parte mesmo sendo um siri, escondendo-me dentro de um casco ao fundo de um oceano escuro, fora disso sou um invertebrado, devorar-me-iam sem pestanejar, mal sabendo de que sou feito e por pouco não sou prato principal. Palhaço do povo, no entanto, a corte sabe que não sou palhaço. Traçando a estrutura vulgar de meu mundo, penso que talvez falte contato com os seres da terra para que eu possa me expressar, tenho sofrido de tédio, tira-me o olhar atento das coisas, por esse deus metafísico dos bandos das pedras que respira por nós, sem saber quem somos.
Eu quero o toque, e não atreva-se tocar-me sem a incandescente energia, alma, amor, quero que extraia o melhor de mim, para que nasça um fruto ainda mais esplendoroso por num ciclo de compreensão criaremos a alquimia perfeita de uma intelectualidade sobre á dos seres de pedra, intelectualidade estruturada sobre amor.
Como uma criança corvo, sobrevôo o mundo como algo em sua forma negra, alimento-me do que me dizem carniça, porém vejo como pequenas formas delicadas e novos sabores a ser degustados, criança-corvo é uma figura visada como morbigena, mal agouro, melancolia presente sendo consciente ao todo e separada junto ao seu lixo, sobrevôo e respiro de todos os ares.
Texto e Fotografia: Marcelo felipeti J