sexta-feira, 29 de julho de 2011

Amargurados assim

“Geração trauma” disse, e rimos, riso amargo e debochado, então bebemos, café amargo e mais um trago, e sonhamos, e tropeçamos naquelas lembranças loucas, nas amargas e soporíferas também, e nos perguntamos do amor já que tão escassa foi essa flor, e de velhos amigos lembramo-nos, já se foi, que mais se foi?
E se vamos, indo assim, neste ritmo de blues, e nos perguntamos, mais um traço amargo surgiu em mim? e lhe respondo o quão bela és para mim, e nos questionamos, por que ninguém mais nos ama assim?
Escarramos política, choramos uma nova poesia, inflamamo-nos em um novo cinema, debatemos um novo sexo, e fumamos mais uma infância.
Velhos amargos assim, quem diria que eu diria isso de mim.
Que surpresa trouxestes para mim! Tão verdinha cheirosa assim! E tragamos cinematograficamente, e dançamos e crianças novamente nos tornamos. Minha pequena, como nos criamos juntos assim? Como nos tornamos tão sensíveis assim?
Minha amada um dia ei de lhe trazer mil flores, sim, e com teus amores um grande jardim nos enterremos em jasmins.

Papoulas prosam poças enegrecidas dos delírios meus, fungos, ervas, e assas ventam odores lamuriosos, bosques obstruoso, espinheiros lindos enfeitam-me dores lúcidas, rola gorjeia entre os troncos torcidos, túmidos, dos corvos velhos e fúnebres. Tragam Pan para mim! Enxugo todo teu vinho, e nestas terras nascem rosas flamejantes.

Serpentes varias, amo-as damas loucas, envenenam-me e meu couro enfeitam-me.

Os vaga-lumes estão dançando alumiando os pinheirais, dança louca vento sopra, cantam os vendavais, toca escura, vozes cavernais, piam corujas e os monstros fascinantes cantam rituais.

Ophelia silencioso amiga fria e pálida, sou fantasma de teu mesmo bosque, perpetuei-me assombro, claustrofóbico em minha toca de sonhos abismais, onde entro o coelho branco gritando “ estou atrasado, atrasado, até mais!” e aqui ao meu lado , mora três corujas de olhos bem arregalados, observa-me cultas, o desventurado.

Alma de artista

Ele tens alma de artista ela diz. Eles riem. Artista? Artista não constrói , não produz, só chora, critica e desluz, diz o homem pedreiro. Artista ? só inventa mais cruz, depravados desgraçados, terra infértil disse Jesus. Gagueja a velha senhora de Deus. Artista! Ri a criança gorda. Artista é o mendigo da praça ao lado? Todos a debochar...

Artista! Grita o prefeito tomado de horror, artista só sabe por caraminholas na cabeça do povo meu senhor!

A mãe que outrora empolgava-se com a idéia, agora pouse a chorar. E agora! E agora!exclamava a berrar.

Não se aflijas minha senhora , outro filho Deus a de te dar, e se rezar, um belo doutorzinho ele á de te ser! E este, do demônio, cedo ou tarde das noites das ruas a de ser, esqueça-o , a de saber..

E a criança distraídas, mal sabe o mal que é viver, nesta terra que agente fez crescer.

Fiasco de criança

Sombras tremulas, espectrais revelam-se abismais, essas tais, rascunhos de infância, fiasco de criança, na caixinha nenhum brinquedo, bailarina manca dança e dança, embriagada sua musica de fadas, na caixinha jóias de menina, vazio das horas, ruas noturnas povoadas de sombras soturnas, em noites serpentes luziam em sonhos no ninho, pueril criança, feita de ácaros, das loucas mariposas, sopra em ruínas e trilhos de trem, matos e rios, estradas e vazios, e seus temores nada mais que as traças, traças que amam e amando roem, roem os sonhos, roem o sexo, roem a infância, roem o amor, deixam caminhos de pavor, Mamãe me quer menino de cabelos limpos, papai me quer cão adestrado, role, busque, abane o rabo, que tenha nome de doutor, e no cil, cadelas me acompanhem ao desfilar viril.

Menino do porão, de nódoas, cirandas fantasmagóricas, nos caminhos de traças, pratos quebrados, gritos guturais, adeus nos olhos, vergonha, vergonha, vergonha, brinquedos no alto do armário, bibelôs quebrados, unhas em carne, culpa, culpa, culpa, sonhos que se sonha sozinho.