Ninfa encarnada
A dama elegia traz flores nas mãos, sonhos mofados, desejos inconsolados.
Tens os olhos estáticos em estupor de horror, queria ser parte da paisagem som
da lira do vento do verde do fauno do azul celeste, mas descolorida, pálida, petrificada,
faz parte das ruínas de uma civilização, desgraçada.
Fez tua morada entre teus cabelos negros revoltos dentro de
teu crânio belissimamente traçado, em teu interior velívolo, poesia, arte. A tropelia
exterior lhe parte em partes, recônditos anseios lhe torturam até a carne, ninfa
encarnada nesta terra sangrenta, aturdida tornou-se abúlica diante em meio da tragédia
humana. Teu casulo tem as formas e cores da melancolia, dali ela observa amargamente
os valores ignóbeis e o amor desprezado, dali aquela fada amarga, dali aqueles
belos olhos atentos e calados, dali aquela inefável paisagem oriental poesia de
mulher menina feita de arte aguardando amor eterno, terno, sutilezas. As flores
que colhestes derramaste sobre teus pés ao longo do caminho trepidante de
desilusões, e o desanimo que lhe abate lhe arranca os perfumes, mas as almas dos
poetas mortos num coro choroso suplicam-lhe que pintes borboletas e colore-as as ataduras pálidas engessadas de
teus ossos contundentes, e como uma Frida, minha ninfa, siga veemente e plante
tuas sementes pelas almas de todos os poetas existentes.