segunda-feira, 7 de maio de 2012


Ninfa encarnada

A dama elegia traz flores nas mãos, sonhos mofados, desejos inconsolados. Tens os olhos estáticos em estupor de horror, queria ser parte da paisagem som da lira do vento do verde do fauno do azul celeste, mas descolorida, pálida, petrificada, faz parte das ruínas de uma civilização, desgraçada.
Fez tua morada entre teus cabelos negros revoltos dentro de teu crânio belissimamente traçado, em teu interior velívolo, poesia, arte. A tropelia exterior lhe parte em partes, recônditos anseios lhe torturam até a carne, ninfa encarnada nesta terra sangrenta, aturdida tornou-se abúlica diante em meio da tragédia humana. Teu casulo tem as formas e cores da melancolia, dali ela observa amargamente os valores ignóbeis e o amor desprezado, dali aquela fada amarga, dali aqueles belos olhos atentos e calados, dali aquela inefável paisagem oriental poesia de mulher menina feita de arte aguardando amor eterno, terno, sutilezas. As flores que colhestes derramaste sobre teus pés ao longo do caminho trepidante de desilusões, e o desanimo que lhe abate lhe arranca os perfumes, mas as almas dos poetas mortos num coro choroso suplicam-lhe que pintes borboletas  e colore-as as ataduras pálidas engessadas de teus ossos contundentes, e como uma Frida, minha ninfa, siga veemente e plante tuas sementes pelas almas de todos os poetas existentes.